O dia começa. Penso em todos os planos para as próximas horas. Penso na roupa que vou vestir. Na maquiagem que vou usar. Nos acessórios. Na foto. Na selfie. No ângulo. Na luz. Na pose. Em quantas fotos vou tirar até a foto perfeita acontecer. No horário em que vou postar aquela foto. Penso na legenda. Em quantas curtidas vou ter. No que vou mostrar para o mundo, para os outros.
O que era para ser um momento a ser vivido e apreciado, vira um vício, uma obrigação, um ato quase mecânico.
O papo hoje aqui é sério, pessoal. Vou contar sobre a minha história com o Instagram, rede social que amo e sou adepta desde o seu início em 2010 e sobre o que ela provoca de bom e de ruim em mim. Espero que possamos refletir e debater juntos sobre essa ferramenta que hoje podemos chamar de Estilo de Vida.
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foto: portal nó na gravata |
Gosto de fotografar desde criança. Lembro bem que minha primeira câmera digital pessoal me foi dada aos 12 anos de idade. Sempre gostei de fotografar os outros, as paisagens, as coisas, e a mim mesma. Fotografia pra mim sempre foi magia, algo mágico que eternizava a realidade de uma forma "melhorada" e sem imperfeições.
O Instagram surgiu há 7 anos e eu posso dizer que fui uma das primeiras entre as pessoas do meu círculo social a criar um conta. Achei um barato poder postar uma foto naquele formato tão contemporâneo, com todos aqueles filtros e possibilidades. Só nunca achei que seria a rede social a se tornar tão popular com mais de 700 milhões de usuários e essencial para tanta gente.
A verdade é que hoje em dia a gente se arruma pra postar, compra roupa pra postar, viaja pra postar, sai com os amigos pra postar. E essa não sou eu criticando o aplicativo nem as pessoas. É uma auto crítica porque eu mesma vivo fazendo isso.
O Instagram me traz um misto de sensações. Me traz prazer, culpa, vontade de crescer, vontade de parar de usar. Acho uma maravilha o poder e potencial das mídias sociais e acho um absurdo a tamanha futilidade que acompanha esse crescimento todo.
É uma relação totalmente paradoxal, porque eu trabalho com isso e sempre amei isso, e ao mesmo tempo consigo ver todos os prejuízos e danos à saúde psicológica que o mau uso do Instagram pode trazer à vida de qualquer pessoa.
É tão fácil se comparar aos outros, a querer ter a vida de um famoso, o cabelo daquela atriz, o corpo daquela blogueira, o quarto daquele cantor, o carro daquele jogador de futebol. Tudo porque achamos que enxergamos toda uma vida por meio de uma foto que foi escolhida a dedo para ser mostrada. Isso tem um impacto tremendo em uma legião de pessoas.
Quantos adolescentes por aí desenvolvem uma depressão por não acharem que se encaixam no Padrão Instagram de Qualidade? Quanta gente se machuca por não se parecer com aquela celebridade que tem milhões de seguidores?
E as personalidades? Por onde andam? Agora todos temos que dirigir e filmar ao mesmo tempo em que estamos no volante, temos que ir para a academia e mostrar que estamos lá, temos que ser felizes o tempo todo e expor os motivos, se temos mais seguidores que nossos amigos já nos achamos o último brigadeiro da festa, temos que falar e nos comunicar da mesma maneira e por aí segue o baile. E a graça em ser único, diferente? Onde está?
A verdade que não pode ser esquecida é que independentemente do dinheiro que você tenha, da profissão e da família, todo mundo nesse mundo tem problema, passa por inúmeras situações boas e ruins e o Instagram não é o retrato da vida real e sim um retrato que foi escolhido para ser veiculado naquele dado momento. Não podemos viver como se a internet fosse a razão de tudo, a nossa realidade. Não! Temos que viver, cada um, do seu próprio jeito.
O mundo muda o tempo todo e não sabemos se essa força que uma foto tem vai continuar assim nos próximos anos, mas sabemos que temos algo muito sério a ser ajustado na nossa forma de viver e de lidar com todas as mudanças e novidades que a internet e as mídias sociais nos trouxeram.
Não vou terminar esse texto com uma solução para o problema, não tenho uma. Quero propor uma reflexão a todos nós, até mesmo para quem, como eu, trabalha com isso, saber utilizar todas as ferramentas virtuais com mais responsabilidade e serviço para espalhar o bem, a informação e o entretenimento e não como uma vitrine de materialismo e ditaduras de como ser um ser humano mais interessante.
Você pensa muito nas redes sociais?
Se não olhar o Instagram por um dia parece que está faltando algo na sua vida?
Quais são seus valores de vida? Eles mudaram depois das redes sociais?
Quanto tempo consegue ficar sem postar uma foto?
Seu dia valeu à pena mesmo se não for registrado? Registrado e Postado?
Tem passado tempo de qualidade com os amigos? Com a família?
Vai viajar e já pensou na foto igual a de tal pessoa que você vai tirar no seu destino?
Se não alcançou determinado número de curtidas em uma foto ficou desapontado?
Já quis muito ser outra pessoa?
Porque o Instagram é indispensável pra você?
Para não perder o costume, espero vocês lá no meu Instagram @alissamagalhaes com mais conteúdo e também espero que vocês curtam, comentem e me sigam. Contraditório, né?