Eu tô cansada. Imagino que você também esteja. Todos nós estamos.
Cansados de ter que dar conta de tudo, de termos que ser sempre produtivos, de ter que ir pra academia todos os dias, de tentar manter uma relevância digital diária, de dar conta de casa, trabalho, família e vida social, de gastar dinheiro toda hora e de tantas outras coisas que vão variar de acordo com a realidade de cada um.
Mas, a real é que já faz algum tempo que estamos vivendo no automático. E quando digo estamos, quero dizer nós, enquanto sociedade. A internet e as redes sociais têm sim suas parcelas de culpa nisso, em ditar como é "viver certo". Por outro lado, a maior culpa está em nós mesmos, em como normalizamos o esgotamento mental, as novas prioridades modernas, em como precisamos nos sentir válidos e importantes o tempo todo. De vez em quando, é bom abraçar nossa insignificância, nossa pequenez. Pensar na quantidade de gente que existe hoje no mundo, em como a vida é frágil, em como é impossível contar um grão de areia visto a magnitude do oceano. Esses pensamentos podem dar medo, mas também podem nos trazer novas perspectivas.
É claro que queremos viver uma vida plena, fazer coisas bonitas, deixar um legado, é também sobre isso. Mas porque deixamos a jornada tão pesada? Porque não estamos conseguindo ser mais leves? Tudo tem prazo, tudo é urgente, tudo é tão sério. Não dá pra aproveitar mais o domingo sem pensar que o dia seguinte é segunda-feira?
Passei um final de semana com uma das minhas melhores amigas recentemente. Falamos da vida, dos percalços, dos planos futuros, tudo isso em um delicioso café da manhã em um bairro boêmio da nossa cidade. Depois do café fomos ver o mar, tiramos umas fotos e realizamos ali naquele momento como o dia azul estava tão bonito e como precisamos fazer isso mais vezes, sozinhas ou acompanhadas. E daquele momento me veio o estalo pra escrever esse texto. O simples precisa voltar a ser nossa prioridade, precisa ser abraçado e vivido como o normal.
Os dias felizes, sem muitas expectativas. As relações humanas, os sabores das comidas, o brilho do sol refletindo no mar, o calor que dá sede, a beleza das tardes, a sensação de paz.
A vida é cíclica e eu tenho esperança que possamos explodir diante de toda a forma que vivemos hoje, todo o absurdo que começou a nos incomodar e esgotar, para buscarmos o melhor no futuro próximo. E que esse novo ciclo chegue logo.
Por menos amarras, menos "tem que ser assim", menos excelência, menos cobranças, mais pés no chão, mais realidade, mais saúde, mais sentido e mais significado.
Mais contato com o divino, com o que é mortal e com o que é infinito.
As respostas que buscamos estão aí, no que é simples.
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O dia azul que mencionei no texto |