Os anjos de onde vem?
Sua vida, bem-vinda.
De corpo aberto, vulnerável na garupa
Com o capacete protegendo sua mente
Em movimento, com o vento soprando sua pele
Frações de segundo, com fé, não te deixaram sentir
O impacto de não mais existir
De frente com o que seria o fim
Um monstro de aço prateado, com rodas incontáveis
Maior que o homem, operado pelo homem
Deixou sua garupa em chamas
Passo dez minutos depois de você abraçar sua própria alma
No início não entendi
Fogo e fumaça no verde do acostamento
Seu corpo, agora sem as pernas
Deitado imóvel no asfalto quente
Sua mente protegida pelo capacete
O movimento findou
Nunca vi seu rosto
Mas atesto sua coragem
E sua liberdade
De se expor esperando pelo melhor
Nas estradas da vida
Fazendo do seu próprio corpo, sua armadura
Dura mesmo é a vida
Que te levou sem dor, mas com amargor
Que o tempo dê respostas aos seus
E que acalente os olhos meus
Que nunca esquecerão do vinte e nove de novembro
Quem tem Deus como império
No mundo não está sozinho.
