Esse foi um texto que escrevi em 2012, aos meus 17 anos. Há 4 anos, passando pelo processo de vestibular, um dos livros mais estudados era Vidas Secas de Graciliano Ramos, e a partir de um acontecimento da minha vida, me inspirei para fazer uma ligação com a obra.
No caminho para o interior,- leia-se sertão baiano -, para passar as
férias juninas, vi várias cenas típicas, mas não usuais de se ver. Aquela
história da seca bárbara do sertão nordestino não é blábláblá que você
tem conhecimento nas salas de aula, isso realmente existe. Foi
incontável a quantidade de cachorros, gados e outros animais que eu vi
mortos em meio à estrada, em meio ao nada. É incrível, parece mentira
como a paisagem está seca! Cactos, umbuzeiros secos, solos queimando,
lamentável. Ainda pior foi em meio a minha viagem à cidade de Milagres,
avistar cruzes de pessoas enterradas em pleno acostamento, se não me
engano foram 3 em menos de 1 quilômetro. Triste era ver os açudes
totalmente secos, Sinhás Vitórias da vida tentando lavar as roupas em
meio litro de água suja espalhada pelo chão, Fabianos cortando cana,
enquanto eu no carro com minha família indo passar as férias na casa do
interior. O problema da seca propriamente dito é um fator natural,
sabemos disso. Porém os problemas sociais causados pela seca
nada têm a ver com a natureza. É hipocrisia, por parte daqueles que podem
fazer alguma coisa mas não fazem por somente possuírem interesses
próprios. Depois nos perguntamos porque o Brasil continua sendo um país
de 3º mundo...Está aí a resposta bem clara! A enorme disparidade
financeira entre indivíduos que residem na mesma cidade é um fator que
está evidentemente presente! Como pode existir tamanha má distribuição
de renda? Aqui vai minha revolta, é o mínimo que posso fazer porque não
tenho plenos poderes para ajudar a população mais desfavorecida do jeito
que ela merece. As condições são subumanas a ponto de água ser um
problema! Quem sabe em ano de eleição isso possa mudar? É até
desestimulante pensar em política quando nada é feito. Mas em meio à
seca, ainda na estrada, voltando da cidade de Milagres vi um cacto, mas
esse era diferente. Tinha uma flor vermelha que se destacava em meio a
imensa paisagem de caatinga que nasceu no topo dele. Será essa a
pontinha de esperança que devemos ter?
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