Impressões depois de assistir o Coringa sozinha no cinema - SEM SPOILERS

outubro 13, 2019

Nunca fui fã de filmes de super heróis, DC, Marvel, etc e tal. Tive um ex-namorado nerd o suficiente para me influenciar, sem sucesso. Tive várias oportunidades de entrar nesse mundo, sem sucesso.

Até o belo dia em que assisti "10 coisas que eu odeio em você", me apaixonei por Heath Ledger e cheguei até Batman: O Cavaleiro das Trevas. Pude testemunhar a justiça feita para a sensacional atuação do Coringa com a risada mais fabulosa de todas: Um merecido Oscar póstumo de melhor ator coadjuvante para Ledger. De fato, era um ator surreal.

Anos depois, me deparo com o trailer do Coringa, filme de 2019, estrelado por Joaquin Phoenix. Na hora fiquei instigada e louca para assistir. Minha intuição me dizia que algo grande estava por vir.

O filme estreou no último dia 3 de outubro. No dia seguinte, dia 4, lá estava eu, sozinha, numa sala de cinema, pronta para mergulhar em uma série de sensações antagônicas e aterrorizantes.

Foto Reprodução/Divulgação Rolling Stone UOL
Decidi assistir sozinha, pois algo me dizia que eu precisaria refletir muito, e pra isso, precisava estar totalmente concentrada.

Dito e certo.

O filme é uma ficção poderosa que impacta através dos sentimentos. Entre a construção de um personagem baseado na realidade, o comportamento da sociedade frente ao distúrbio da mente, personalidade humana difícil e cenários psicológicos e psiquiátricos intensos, temos um dos melhores filmes em termos de reflexão deste fim de década.

A primeira lembrança que o Coringa me trouxe foi o misto de sensações que tive quando assisti Laranja Mecânica. Raiva, pena, nojo, temor, medo, receio, ansiedade, curiosidade, angústia, admiração. As inseguranças e as vertentes da mente de uma pessoa que sofre a todo tempo são coisas que não podem ser ignoradas ou tratadas com indiferença.

A maior lição que me foi dada foi exatamente uma frase dita no filme, mais ou menos assim: "A sociedade quer que o doente mental se comporte como se não tivesse nenhuma doença". A sociedade age dessa forma, mas continua tratando o doente como um ser inferior, aquém de qualquer respeito e dignidade. Foi aí que a dor chegou em mim.

Quando saí do cinema não tinha certeza se tinha gostado do filme. Foi tudo muito denso, muito intenso. Tinha certeza que tinha babado na atuação de Joaquin Phoenix, nos temas que o filme propôs, mas o roteiro em si era muita ficção pro meu gosto. 

Até que parei pra refletir. Precisei de dois ou três dias para entender que não era um filme sobre um anti-herói e sim um filme sobre a mente humana. E aí tive mais um estalo: QUE FILME. Daqueles que você não vê sempre. Mais que entretenimento, uma experiência.

Que venha o Oscar de Melhor Ator.

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6 comentários

  1. Também fui assistir sozinho. Realmente não é um filme de heróis, nunca teve essa pretensão, apesar de fazer algumas referências ao universo (que eu não gostei, rs). Mas o filme é muito bom e impactante mesmo! Espero que sirva de inspiração e reflexão pra sociedade.

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    1. Super impactante! Acredito que muita gente se inspirou e refletiu também! Cinema é uma arte linda exatamente por isso :)

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  2. Que postagem maravilhosa! Conseguiu traduzir as sensações e percepções que o filme proporciona!! Linda escrita!

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    1. Oh amiga, muito obrigada! Muitas sensações nesse filme, né? Um beijo!

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