Os novos anos 20

abril 19, 2020

De um lado, liberdade aparecendo. Jazz, novos cortes de cabelo para mulheres, Estados Unidos sendo um país recém conhecido como potência mundial. Do outro, liberdades individuais e pensamentos coletivos. Tendências genderless, globalização.
De um lado gripe espanhola, do outro pandemia do coronavírus.

O que esses lados têm em comum? Os números. E algumas desconstruções.

1920 foi a década conhecida pela chegada dos "anos loucos", anos estes que trouxeram inovações para a sociedade mundial. 2020 marca o início de uma nova década, que ainda não sabemos como vai acabar, mas certamente já entendemos e sentimos os impactos de como começou.

Mas, como podemos refletir em relação a períodos que estão separados por um século?

Fotos reprodução Universo Retrô/ R7.com
Os anos 20 do século 20 foram tempos marcados pela efervescência cultural e social de diversas formas.  O corte de cabelo feminino  na altura das orelhas conhecido como La Garçonne era o marco inovador de beauté da época, mostrado na década passada pela personagem Mary Crawley na série Downton Abbey (2010-2015).

No cinema, Charlie Chaplin dominava o cenário. Na economia, os Estados Unidos se destacavam. Costumes e cultura se desenvolviam de forma mais livre, como foi mostrado pelo dadaísmo e surrealismo, nas artes. No Brasil, a Semana de Arte Moderna de 1922, além de marcar a era do modernismo no país, apresentou muitos artistas para o mundo, entre eles Oswald de Andrade e Villa-Lobos.

A década de 1920 trouxe movimentos de vanguarda, bem como foi um período de readaptação pós Primeira Guerra Mundial. O mundo perdia milhões de pessoas para a Gripe Espanhola, enquanto o jazz e o blues se consolidavam como ritmos musicais.

Fotos reprodução: Magazine HD, Twitter e Wikipedia

Os anos 20 do século 21 ainda são um mistério. Estamos nas primeiras páginas e já começamos com uma pandemia. A sociedade livre agora precisa ficar confinada em casa para garantir a própria sobrevivência.

Certamente, não sabemos detalhes das consequências que vão acompanhar o fim da fase atual, mas já podemos esperar mudanças econômicas e sociais que vão fazer com que nos readaptemos à vida, de várias maneiras.

Em comparativo, 2020 começa com a presença forte da geração Z (nascidos entre o fim da década de 1990 e 2010), os pré-adolescentes e jovens que ditam comportamentos e consumo diferentes. Liberdade é o mesmo que poder para essa geração, que consome muitas informações, é composta de mentes aceleradas, domínio da vida virtual e inexperiência com a vida real.

Agora existe propósito nas ações, expectativas de um mundo sustentável, ideias bonitas. Artistas, influenciadores e pessoas comuns ditam o que vai ser consumido em termos de serviços e produtos, não são mais marcas e empresas que possuem esse papel.

Fotos reprodução: Xico Gonçalves, Min. da Saúde, Pixabay e Diário do Comércio

Na moda, os antigos vestidos decotados de 1920 deram espaço às tendências sem gênero, em que homens e mulheres podem vestir as mesmas peças, se quiserem. Agora, as mulheres têm mais voz e um pouco mais de espaço e visibilidade. Racismo e igualdade são pautas altamente discutidas em rodas de conversa e em programas de televisão. 

Diversidade é palavra de ordem. Na música, representantes da geração Z como Billie Eilish funcionam como porta-vozes dos menores de 18 anos, trazendo um novo estilo de música pop sussurrada, enquanto faturam milhões de dólares e 6 Grammys. 

Os celulares controlam nosso humor, um vírus controla nosso ir e vir, pessoas menores de idade controlam os fóruns virtuais de opinião

Há um caminho desconstruído sendo moldado, que precisará ser entendido, conhecido e vivido, até que haja outra virada de ciclo, em que faremos tudo de novo, e de novo, e de novo...


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2 comentários

  1. Amei sua matéria! A reflexão gerada pela comparação entre 1920 e 2020 foi muito bem-vinda na época em que estamos vivendo. Parabéns!

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    1. Oi Evellyn, bem vinda! Fico feliz que gostou, muito obrigada pela visita! :)

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