De um lado, liberdade aparecendo. Jazz, novos cortes de cabelo para mulheres, Estados Unidos sendo um país recém conhecido como potência mundial. Do outro, liberdades individuais e pensamentos coletivos. Tendências genderless, globalização.
De um lado gripe espanhola, do outro pandemia do coronavírus.
O que esses lados têm em comum? Os números. E algumas desconstruções.
1920 foi a década conhecida pela chegada dos "anos loucos", anos estes que trouxeram inovações para a sociedade mundial. 2020 marca o início de uma nova década, que ainda não sabemos como vai acabar, mas certamente já entendemos e sentimos os impactos de como começou.
Mas, como podemos refletir em relação a períodos que estão separados por um século?
Fotos reprodução Universo Retrô/ R7.com |
Os anos 20 do século 20 foram tempos marcados pela efervescência cultural e social de diversas formas. O corte de cabelo feminino na altura das orelhas conhecido como La Garçonne era o marco inovador de beauté da época, mostrado na década passada pela personagem Mary Crawley na série Downton Abbey (2010-2015).
No cinema, Charlie Chaplin dominava o cenário. Na economia, os Estados Unidos se destacavam. Costumes e cultura se desenvolviam de forma mais livre, como foi mostrado pelo dadaísmo e surrealismo, nas artes. No Brasil, a Semana de Arte Moderna de 1922, além de marcar a era do modernismo no país, apresentou muitos artistas para o mundo, entre eles Oswald de Andrade e Villa-Lobos.
A década de 1920 trouxe movimentos de vanguarda, bem como foi um período de readaptação pós Primeira Guerra Mundial. O mundo perdia milhões de pessoas para a Gripe Espanhola, enquanto o jazz e o blues se consolidavam como ritmos musicais.
Fotos reprodução: Magazine HD, Twitter e Wikipedia |
Os anos 20 do século 21 ainda são um mistério. Estamos nas primeiras páginas e já começamos com uma pandemia. A sociedade livre agora precisa ficar confinada em casa para garantir a própria sobrevivência.
Certamente, não sabemos detalhes das consequências que vão acompanhar o fim da fase atual, mas já podemos esperar mudanças econômicas e sociais que vão fazer com que nos readaptemos à vida, de várias maneiras.
Em comparativo, 2020 começa com a presença forte da geração Z (nascidos entre o fim da década de 1990 e 2010), os pré-adolescentes e jovens que ditam comportamentos e consumo diferentes. Liberdade é o mesmo que poder para essa geração, que consome muitas informações, é composta de mentes aceleradas, domínio da vida virtual e inexperiência com a vida real.
Agora existe propósito nas ações, expectativas de um mundo sustentável, ideias bonitas. Artistas, influenciadores e pessoas comuns ditam o que vai ser consumido em termos de serviços e produtos, não são mais marcas e empresas que possuem esse papel.
Fotos reprodução: Xico Gonçalves, Min. da Saúde, Pixabay e Diário do Comércio |
Na moda, os antigos vestidos decotados de 1920 deram espaço às tendências sem gênero, em que homens e mulheres podem vestir as mesmas peças, se quiserem. Agora, as mulheres têm mais voz e um pouco mais de espaço e visibilidade. Racismo e igualdade são pautas altamente discutidas em rodas de conversa e em programas de televisão.
Diversidade é palavra de ordem. Na música, representantes da geração Z como Billie Eilish funcionam como porta-vozes dos menores de 18 anos, trazendo um novo estilo de música pop sussurrada, enquanto faturam milhões de dólares e 6 Grammys.
Os celulares controlam nosso humor, um vírus controla nosso ir e vir, pessoas menores de idade controlam os fóruns virtuais de opinião.
Há um caminho desconstruído sendo moldado, que precisará ser entendido, conhecido e vivido, até que haja outra virada de ciclo, em que faremos tudo de novo, e de novo, e de novo...
2 comentários
Amei sua matéria! A reflexão gerada pela comparação entre 1920 e 2020 foi muito bem-vinda na época em que estamos vivendo. Parabéns!
ResponderExcluirOi Evellyn, bem vinda! Fico feliz que gostou, muito obrigada pela visita! :)
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